segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Epifania de dezembro

Há dias em que você acorda sufocando. Foi assim naquela manhã de dezembro.

A chuva costumeira de verão preenchia o ambiente e entrava pela fresta da janela; nada poderia substituir aquele cheiro. Fechar os olhos e respirar fundo fez com que eu me sentisse viva, mas ainda assim, sufocando. É o que acontece quando se vive em caixas.

É como se partir em milhões de pedaços e privar alguns da luz do sol. Essa é minha epifania de dezembro. Minhas caixas, meus vazios.

Porque quando o vento dança pelos espaços vazios, dói. Porque quando o sol e a chuva se deparam com o nada de mim, dói. Porque quando há apenas o eco de minhas perguntas percorrendo pelo nada, dói. Pois as respostas estavam onde agora é vazio, onde agora é nada.

Agora sou metade, sou parte. E parte de mim tem medo do escuro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Acho que desde que levantei essa manhã, tenho vivido mais o ontem do que o hoje. Até mesmo a primavera voltou ao passado, quando ela ainda era inverno. Eu apenas a acompanhei.
Acho que as músicas foram me empurrando para tempos mais fáceis, mas não melhores; tempos em que era mais fácil respirar, mas não havia motivos suficientes. Na verdade, prefiro ter motivos pra perder o fôlego. Num átimo, lá estava eu, lembrando-me dos meus antigos heróis; das músicas, e céus, ajo atualmente como se minhas antigas músicas fossem silêncio; das pessoas, carrego no meu indefinido ser um pouco de cada uma, como se com o passar do tempo elas fossem me moldando.

Era tão simples e tão significativo. Odeio ter que usar verbos no passado para me referir a isso. Eu tive. Eu gostava. Não... Eu amava aquilo. Eu perdi. E agora, apenas agora, eu entendo: Empatia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E então é isso. Sou eu mesma, mas pela metade. Sou o que você sente e o que nem imagina. Sou o aqui e o agora, e sou o ontem. Sou bilhetes e recordações guardadas em caixas velhas. Sou músicas escondidas e fiéis. Sou um pouco do que fui, e um projeto do amanhã. Sou...
...

...
...
...

Sou.
Vem, frio, abraça-me com teus ventos cortantes e congela este momento. Dê-me adeus e leve consigo todos os meus medos. Leve meu inverno para longe, e deixe que a primavera tome conta de mim. Chegou a hora de renascer tudo que secaste no inverno; é chegada a hora de renascer o calor da alma. E assim como uma fênix, as cores renascerão das cinzas paisagens que cultivaste.

Toma teu rumo, frio. Siga em direção ao horizonte, porque tudo que eu preciso agora é calor. Calor humano.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O café está com um gosto levemente azul, enquanto o silêncio cheira a um azul de tom mais intenso. O vento frio, por sua vez, me abraça com seu azul escuro, quase negro. Tudo isso se mistura ao clima preto e branco do ambiente, à transparência de meus pensamentos e ao vermelho-sangue das minhas sensações corpóreas internas e externas, formando uma solidão com uma cor tão confusa quanto eu... Mas com um tom muito forte. Acho que chamarei essa cor de saudade...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Esse lugar – que muitos teriam a audácia de chamar de lar - me faz querer vomitar . É cinismo e arrogância demais. São olhos fechados demais. Raiva (temporária) demais. É o tipo de amor que realmente magoa. Que dói.
Você estava sentada onde não queria, ou talvez, onde não deveria, e por que não os dois? Havia um vento frio envolvendo seu corpo, e você nem pareceu se incomodar, o frio era a menor preocupação no momento. Seus olhos estavam fixos em algum ponto distante, indiferente. Seu corpo físico e o mental não estavam no mesmo lugar. Talvez aquela sensação instantânea fosse ódio, talvez não. Conforme o tempo ia passando, você se sentia mais fria que o vento, agora era ele que precisava se aquecer. A esperança era um alucinógeno, você ouvia sons inexistentes, criava o que precisava ouvir, a escuridão da noite e a dos seus pensamentos eram sinônimas. Não, aquilo não era ódio, aquilo era orgulho. Por que seu orgulho não congelou com o frio, te deixando em paz? Talvez houvesse ódio naquilo, ódio de si mesma por ser tão... (...) Mas você encontrou calor, dentro e fora de si. Em seu corpo mental e corpo físico. Aquela sensação era completamente antônima às que sentira antes, você estava no lugar certo, afinal de contas. Aquilo era quente, era viciante, era... Amor. Isso soa clichê, soa piegas, soa qualquer coisa. Mas tudo bem, você quer sentir isso pelo resto da sua vida, porque qualquer lugar, ao lado dele, é o lugar certo.
É meio angustiante. Meus olhos vazios parecem olhar em volta e não sentir nada. Minha mente absorve as imagens e não consegue elaborar pensamento algum. É uma sensação tão leve, tão vazia. O peso da realidade parece ter descido de meus ombros e ter ido dar uma volta pelas ruas gélidas e escuras desse inverno. Sonhos não pesam, sonhos elevam. Se a realidade me traz para baixo, aliás, se a realidade me apresenta o fundo do poço, os sonhos me mostram como voltar à superfície.

Nem mesmo esse vento frio, que parece me dar tapas na cara, consegue me fazer reagir. É meu estado de “comando automático”. Meu corpo simula minha presença. Ainda bem que meus pensamentos sabem voar, e ainda bem que eles já conhecem a direção certa para o lugar certo. Minhas emoções se enterraram embaixo da minha pele fria. Elas vão dormir. Acordarão apenas quando meu corpo encontrar meus pensamentos que estão um tanto longe de mim agora, mas estão exatamente onde querem estar. Exatamente onde eu queria estar. Exatamente onde, agora, fisicamente, não estou.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Indiferente demais...

Talvez essa seja uma forma um tanto complexa de começar um texto. Mas é isso: Indiferença. É isso que a chuva faz. Ela lava a alma, ela acalma. É um estado de espírito um pouco incômodo, porque você quer sentir, e a chuva não deixa. Entende? É, talvez eu também não. Talvez nem seja indiferença, talvez seja apenas equilíbrio. Essa palavra tem estado muito presente nos dias atuais.

Uma verdade incontestável: Chuva é uma ótima companhia. Ela ouve calada e parece compreender. Claro, não no sentido literal. Na realidade, a chuva, mesmo sem vida, me entende muito melhor do que qualquer ser humano.

Gosto de tardes chuvosas de inverno. Gosto de não ter nada pra fazer. Gosto do equilíbrio. É.

sábado, 9 de maio de 2009

Meus dedos doem devido a baixa temperatura. Olhando pela janela embaçada posso ver a neblina devorando as ruas, deixando tudo branco, invisivelmente branco.

Está tudo silencioso. Nem mesmo grilos fazem barulho nesse frio. Não há vida alguma em noites de outono aqui no Sul; e eu simplesmente amo isso, esperei meses para chegar a essas noites congelantes e íntimas.

Tudo que me falta agora é, como sempre, o meu garoto. Já virou clichê dizer isso, mas nunca vou cansar de repetir: Eu amo você.

sábado, 11 de abril de 2009

Por: Paula & Cleo.

365 jours dans chaque an...

A mente humana é composta por uma mistura de sentimentos singulares. Sentimentos que formam um ciclo natural. Que vêm e vão e não podem ser parados. Um ciclo como o das estações do ano. Cada uma com sensações correspondentes e imutáveis. Primeiro o calor do verão, a estação em que menos paro para refletir na verdade. Época apaixonante, minha vida, amigos, amores... Tudo parece certo, em seu devido lugar, verdades formadas. Elas parecem tão fortes, inalteráveis, que chegam a me fazer acreditar que realmente não podem mudar em apenas um segundo, com uma única palavra. Queria poder sentir sempre esta felicidade, achar que tudo está perfeito e não ter que me preocupar em controlar meus sentimentos. É estranho, fico tentando me manipular... As vezes acho que até consigo, mas tem horas que paro e penso, todo meu suposto sucesso parece apenas ilusão, noto que na verdade não sou a pessoa forte como sempre imaginei, mas sim a mais vulnerável do mundo. Durante o resto do ano parece que não consigo seguir meu coração, só o calor dessa estação consegue desperta-lo. Me sinto como se voltasse a ser aquela garota doce que um dia fui. Chega até a ser um pouco triste pensar que em alguns dias isso tudo vai acabar, é a única coisa que realmente me entristece... Um dia simplesmente paro e vejo que tenho um ano inteiro de duvidas pela frente, a realidade volta a me atormentar no mesmo instante.

Nunca pensei que o cair das folhas pudesse ser tão melancólico e metafórico. É como se eu fosse aquela árvore e as folhas fossem as lembranças de cada pessoa que passou pela minha vida. As memórias estavam de desprendendo lentamente de mim. E durante seu cair, eu revivi mentalmente memórias incríveis, e parecia ser tão real, como se eu tivesse voltado no tempo. Meus olhos estavam vagos e nenhum sorriso teimou em se abrir em meu rosto, eu estava me tornando vazia. As folhas não paravam de cair, e olhá-las tocar o chão apenas me dava vontade de gritar, sendo tal grito o desabafo da minha alma. Eu estava me esvaziando como aquela árvore. Minhas memórias pareciam ser levadas pelo vento, assim como as folhas. E as folhas que caíram jamais retornarão à árvore. Jamais retornarão... Jamais retornarão...

Dias escuros, o vento gélido do inverno provocando-me arrepios. Arrepios não só pelo frio, mas pelo medo. Medo da realidade, medo de não ter mais ninguém com quem me preocupar, medo de estar sozinha. E estou, realmente não tenho mais ninguém, mas continuo a negar esse fato, é reconfortante. Continuo a caminhar para casa sem a companhia de ninguém, vejo casais apaixonados, adolescentes rindo, continuo na minha tentativa inútil de ignorá-los. Volto a me enganar pensando que não desejo isso, que posso viver sem ninguém mas a cada dia que passa se torna mais difícil. O verão parece algo tão distante agora, não consigo me imaginar sendo uma dessas pessoas. Em tão pouco tempo todos se foram que chega a ser difícil acreditar que um dia estiveram aqui comigo. Chego finalmente a conclusão de que é mais prático esquecer todas as minhas memórias. Continuo, como sempre, a seguir o caminho mais fácil na esperança de que ele, alguma vez pelo menos, seja o melhor.

Sentada à beira da janela, perdida num conflito de lembranças, percebo uma rosa vermelha desabrochando no jardim. Lembro-me perfeitamente de quando ela secara e perdera suas pétalas cor de sangue, tornando-se aparentemente morta. Agora lá está ela, magnífica! Está recomeçando seu ciclo, renascendo, tornando-se ainda mais bela do que jamais fora. Toda a estética morta da paisagem se transformara em fonte de inspiração para fazer tudo diferente e melhor desta vez. E assim como aquela rosa, para mim a primavera é a estação do “recomeço”, onde todas as âncoras do passado são erguidas e eu começo a seguir meu rumo novamente. Um rumo desconhecido, o que torna tudo ainda mais emocionante e intenso. É angustiante olhar para o jardim cheio de vida e saber que nem sempre será assim, que ele ainda secará muitas vezes, e isso é inevitável. Mas ele sempre renasce mais vivo do que antes, assim como a vida real.

...365 sentiments dans chaque sécond.
14/11


É como...

...Se milhões de partículas gélidas se chocassem contra meu rosto em plena primavera. O sol que faz com que os pensamentos das pessoas derretam na rua é o mesmo sol que é fraco demais para me aquecer. Está tão frio agora... E até mesmo em meu interior consigo sentir um inverno cortante congelando meus órgãos - em especial meu coração, que já não bate mais tão intensamente quanto antes.- Sinto como se fosse travar a qualquer momento, minhas articulações reclamam antes de qualquer movimento, e isso me torna frágil. Qualquer toque e eu despedaço. Este é meu inverno corporal, inverno metal, inverno fora de época, sem data pra passar...Acho que meu inverno contínuo se chama Saudade. E, bem, acho que ele não vai passar tão cedo...
04/12/08
Humor instável - Picos de pseudo-depressão contínuos. Quem não tem?! Quero dizer, a felicidade é como um castelo de cartas, não resiste nem mesmo a mais calma das brisas. Não poderia esperar que resistisse à uma tempestuosa insatisfação.Respiração falhando - A cada movimento dos ponteiros do relógio minha mente se preocupa em conter a ansiedade. A euforia é tão grande que meu cérebro esquece que precisa de oxigênio.Cabeça brevemente latejando - Há tantas emoções se chocando em mim que não consigo decifrar qual é a mais intensa. Minha cabeça corresponde à toda essa confusão com fracas explosões internas. Sensação de vazio - Apenas momentânea. (Quase) nada vindo de mim é eterno. Salvo exceções. As exceções que preenchem meu vazio interno; vazio mental. É como viver no vácuo. Não há nada lá. Do avesso - Olhando para dentro de mim, vendo atráves de órgaos e sangue. Enxergando além do óbvio, além das batidas do coração. Olhando dentro dele, vendo cicatrizes e lembranças... Fisicamente ele ainda bate, ainda bombeia o sangue, mas para mim está morto. Metaforicamente morto. Voltarei e sentí-lo golpenando meu peito com batidas emocionadas apenas quando eu finalmente voltar a sentir a presença da pessoa mais importante para mim. Quero dizer, a presença real, o calor humano, a morte da saudade, a necessidade saciada... Não sei mais o que descrever. Talvez tudo isso leve a uma mesma sensação que eu apenas fiz questão de detalhar... Oh, borboletas no estômago! Maldita ansiedade!


11/04

Obs.: Nunca muda.
15/01/09
É um estado de espírito confuso. Minha mente não decide quais sensações a atingem. Ela só sente, sem decifrar nenhuma. Não sei que sensações são, mas sei que elas estão ali. É como o ar, você não o vê, mas nem por isso deixa de respirar....
16/01/09
Tenho a impressão de que até o vento percebeu que eu mudei. Ele bate contra meu corpo e percebe que não há mais um vazio no lado esquerdo do meu peito. É agradável senti-lo colidindo contra minha pele e tornando essa monótona tarde de verão um pouco mais suportável. É tão agradável, e eu nem mesmo posso vê-lo. A invisibilidade do vento é tão indiferente. Sua transparência não o deixa menos apreciável... Assim como o que eu sinto. Quero dizer, a parte fundamental – porém, não suficiente – dos meus sentimentos. Refiro-me aquele sentimento clichê, antiquado, natural; l'amour, bien sûr. Não se vê, mas se sente.
"Há algo nesse lugar que me traz paz de espírito. Talvez seja o suave toque do vento em minha pele, ou a doce melodia do balançar das folhas das árvores que parecem dançar com o vento. O lugar é sereno, silencioso. Nem mesmo os gafanhotos ousam quebrar esse silêncio surreal. A calmaria parece ser eterna, e rouba minhas preocupações, me deixando temporariamente curada. Temporariamente. Mas é como dizem, nada dura para sempre... Nem a cura, nem a doença."15 de fevereiro de 2009; Em algum lugar de Videira que eu nem mesmo sabia que existia.

De: Mim

Para: Mim

Hoje você se viu correndo desesperadamente sem olhar para frente, como se estivesse completamente atrasada para algum compromisso muito importante; e bem, você estava apenas voltando para casa, sem nem mesmo ter horário pra chegar. É, você tem essa mania chata de caminhar na rua sem encarar as pessoas ou as coisas a sua volta, olha apenas para seus pés, isso deve significar alguma coisa. Medo, talvez. Não que você deva temer alguma coisa, mas ainda assim acha que qualquer olhar em sua direção é sinal de ameaça. Paranóia. É, e outra mania chata que você tem é começar uma narração e imediatamente se ver perdida em palavras. É agora que você para de escrever e relê tudo, para retomar o pensamento principal.

...

Bem, voltando ao ponto, acho que você tem quatro olhos. Dois que você usa para enxergar apenas seus pés e outros dois que se direcionam a seu interior. Sabe, algumas pessoas chamam esse último par de “olhos da alma”, não que o nome faça muita diferença, mas é exatamente isso que eles vêem, a alma; e tudo contido nela, quero dizer, sentimentos, sensações, memórias, pensamentos privados e até mesmo suas personalidades.Na verdade, você nem sabe se realmente existe uma “alma”. Mas prefere acreditar que ela exista, assim pode culpá-la pelos erros que comete. Não que cometa muitos erros, mas seria melhor se não cometesse nenhum.

Ultimamente tem estado cansada. Talvez tenha se sentido tão bem por tanto tempo que todo o cansaço tenha se acumulado de uma maneira inevitável, e agora você só quer dormir. E só acorda para ter certeza de que ainda está viva, e de que não dormiu por três dias, ou talvez um mês. Não que você queira perder um mês de vida dormindo, não, longe disso. Se não sentisse suas pálpebras pensando a cada segundo, com certeza dormiria o mínimo de tempo, sem se preocupar com todas essas babaquices de “saúde e bem-estar”. Até porque você tem sido a pessoa mais despreocupada no mundo em relação a isso. Talvez você sinta as conseqüências dessas irresponsabilidades algum dia. Mas bem, eu disse talvez.

Tens sido inconstante ultimamente. Não há mais como descrever você de uma maneira definitiva, porque nada que te define hoje te definirá amanhã. Possivelmente amanhã você será totalmente o oposto de hoje. Talvez no próximo amanhecer você sinta vontade de comer frutas, algo que você não quis fazer hoje, nem ontem, nem no mês passado. Por que diabos você não come frutas? Elas não têm um gosto ruim, mas têm um gosto pior do que o chocolate. E bem, você já percebeu como o chocolate tem perdido o sabor ultimamente? Não apenas o chocolate. Não apenas os alimentos. Muitas coisas perderam a intensidade do prazer com o passar dos dias. Mas tudo bem, eu sei que você já percebeu isso, e também sei que não liga; porque de uns tempos pra cá apenas uma coisa te dá prazer, apenas uma coisa torna-se mais saborosa a cada centésimo de segundo. Uma coisa não, uma pessoa. Com inúmeros sabores diferentes, e você tem a eternidade pra provar cada um deles. Mmmm.

E vale te lembrar também que você já provou todas as sensações possíveis através dessa pessoa. Todo seu cardápio de sensações já foi devorado. Mas você ainda tem fome, e parece que o cardápio aumenta cada vez mais e mais... E chega de enrolar. Novamente você precisa parar pra reler tudo... Haja paciência.

...

Há algo interessante que eu gostaria de comentar sobre você. Ultimamente tenho entendido muitas coisas a seu respeito. Entendi o motivo de tanta metamorfose. Lembra-se de como você costumava viver dezenas de vidas ao mesmo tempo? Em cada vida você trazia pessoas completamente diferentes, em cada vida você era uma pessoa diferente. E agora você leva uma vida só, mas ainda assim com suas dezenas de personalidades e algumas que aparecem inesperadamente. Eu pessoalmente acho isso emocionante! Tente manter isso.

E apesar de você andar olhando para os pés, apesar de ser paranóica, de preferir mingau frio, de dormir com cobertores num calor de 35°, de amar se sentir triste em dias de chuva, de chorar em qualquer filme romântico, de preferir mil vezes abraços a beijos, de conseguir descartar as pessoas sem perceber, de confiar pouco em si mesma, de ser você mesma de mil maneiras diferentes, de adorar ficar na janela olhando para o jardim parecendo uma autista hiper-retardada, de ser insegura pra caramba, de ser infantil em excesso e menos responsável do que deveria, de preferir viver o reflexo de sua vida, preferir viver do outro lado do espelho, observando através dele a realidade, e sentir medo de viver nela, mantendo-se em seu mundo irreal criado através do espelho, bem, ainda assim vou estar com você para sempre. Vou te apoiar e tentar abrir seus olhos sempre que necessário - Sim, porque muitas vezes o melhor mesmo é não olhar. - Porque você sou eu, e eu sou você. E que assim seja.
11 de abril de 2009.

Hoje, em plena tarde ensolarada de outono, chovia.
É incrível a quantidade de coisas em que pensamos enquanto estamos viajando de ônibus. Ao passar por casas em lugares desertos eu me perguntava como seria morar ali. Reparo nas pessoas na rua e imagino o que se passa pela cabeça delas naquele exato momento, onde elas moram e que tipo de vida levam.

Ao passar por montanhas cobertas por um verde quase enjoativo, meus pensamentos, então, viajaram para longe dali, viajaram pelo futuro, por um chalé numa montanha, viajaram através dos meus sonhos e da minha realidade, e então pousam no local onde eu estivera minutos, ou até mesmo horas antes. Eles pousam em volta dele.

Aí então meus pensamentos esqueceram-se do futuro e viajaram pelo passado. Um passado recente. Viajaram pelas manhãs de outono em que eu e meu namorado acordamos atrasados para sair. Pelas tardes em que simplesmente passamos juntos conversando sobre tudo, apenas desejando que o tempo parasse de passar. Mas nunca tivemos essa sorte. E eles viajaram também pelas noites frias em que ele me abraçava e dizia para eu não chorar, que era para eu deitar em seu peito e cair no sono. Assim o fiz, enquanto ele mexia em meus cabelos. Aquilo era tão bom, não demorei a cair no sono. Eu estava exatamente onde queria estar.

Agora tudo que sinto é saudade. Amor, eu amo você.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Havia sido um dia relativamente ruim. Tinha como companheira constante a solidão. As horas passavam indiferentes enquanto eu tentava decidir o que fazer durante a tarde. E, bem, não havia absolutamente nada. Então fiquei ali, eu e a solidão, uma entendendo a outra.

No final da tarde eu saí. É tão agradável caminhar na rua quando não há mais sol, quando é outono. As pessoas ficam mais bonitas, aparentemente. O mais assustador de tudo é que eu ainda me sinto mal ao sair na rua, como se as pessoas me secassem com os olhos, fazendo alguma crítica mental sobre meus cabelo ou sobre como ganhei peso. Talvez elas simplesmente nem notem, talvez apenas queiram seguir seu rumo indiferente à minha presença. Eu não sei...

De fato, a noite foi o pior momento. Sabe quando a garganta parece criar unhas e você a sente te arranhando por dentro? Ela, ao mesmo tempo, parece se fechar, se amarrar, fazer um nó. Eu queria chorar, essa é a verdade. Mas não o fiz. Minha mãe insistia em sorrir e manter as coisas equilibradas. Com o nó em minha garganta, não consegui engolir o ódio daquele momento. Isso ficou claro em meus olhos e na falta de sorriso em meu rosto. Ela notou.

Há momentos em que você está no limite da sensibilidade, aí qualquer palavra errada pode te fazer cair, me entende? E ao meu redor não sinto como se certas pessoas fossem capazes de ter consciência e bom senso a respeito do que dizem. Isso me afunda. Deixa-me com vontade de ter surtos e também perder o bom senso. Mas eu não o faço. Eu engulo tudo.

A questão é que hoje será um ótimo dia. Assim como amanhã e sábado. Eu poderia ficar longe daqui, poderia ficar lá pelo resto da minha vida. Meu lugar não é aqui, e eu nem queria que fosse. Meu lugar é ao lado dele. Meu porto seguro.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Palavra da semana: Vazio.

Sinceramente, eu não sei explicar o vazio. É complexo, é clichê. Preciso de algo mais descritivo e exato. Tudo bem, deixe-me tentar...

É algo como estar e não estar. Sentir e não sentir. As duas coisas se anulam, aí sobra apenas o vazio. Porque aí então não te sobra nada por determinado espaço de tempo. É como se você não vivesse, como se estivesse fora, em outra dimensão talvez, você sabe que não está ali. Não sua mente. Apenas seu corpo, porque afinal de contas, alguém tem que sorrir para as pessoas todas as manhãs e sentar-se a mesa com a família no almoço. Esse é o trabalho do corpo, mas não da mente. Onde, exatamente, está a mente? Bem, eu não sei dizer. Eu sinto como se estivesse em “comando automático’’. Acho que posso concluir que minha mente tem vontade própria, e tanto ela quanto meus sonhos têm poder de teletransporte. Ambos estão a alguns quilômetros daqui, acompanhando a pessoa que eu mais amo em todo mundo, tentando fazer com que ele não se sinta sozinho. Pois eu sou composta de três partes principais: Corpo, mente e sonhos. E apenas meu corpo não está com ele agora, pois as outras duas partes nunca deixaram de estar ao seu lado.

Acho que esta é a explicação pro meu vazio. Estou incompleta. Sou apenas corpo. O vazio é apenas a minha vontade de estar junto de meus sonhos, minha mente, do amor da minha vida. E a cura disso é o tempo. Só me restam o vazio, algumas xícaras de café e os olhos fixos nos ponteiros do relógio que insistem em passar dolorosamente devagar.

terça-feira, 31 de março de 2009

Naquele momento o tempo parou para sentar-se à mesa a sua frente e observar. Simultaneamente, não havia mais movimento. Sua expressão era incompreensível aos olhos alheios; sua boa entreaberta significava descrença e seus olhos semicerrados significavam raiva e decepção. Num milésimo de segundo ela sentiu que nada valia a pena. Toda essa descrição ocorreu durante um segundo, apenas um segundo, porque no segundo seguinte, ao piscar seus olhos e balançar sua cabeça rindo, ela percebeu o quão errado seus pensamentos estavam.

domingo, 29 de março de 2009

escrito dia 6 de junho de 2008.













Ela se sentia vazia. Tão vazia quanto aquela sala de cinema. Ela tinha tudo, mas sentia como se não possuisse nada. Talvez seja a falta de valor que ela deveria dar as coisas. Talvez fosse apenas impressão. Não importa. Ela estava sentindo um vazio. Um vazio tão familiar que chegava a ser incômodo. Apenas uma vez ela sentiu isso. Uma vez foi o suficiente para sentir todo o chão desabando aos seus pés, antes mesmo que ela aprendesse a voar. Agora que ela aprendeu, acha injusto sentir o mesmo vazio de antes. Ela tem tudo. Tudo que necessita, pelo menos ela pensa que tem. O que falta, então?! Se ela soubesse a resposta, não estaria se perguntando. E naquele momento a sala vazia do cinema se abriu. Estava tão concentrada em seus pensamentos que não foi capaz de perceber. Estava cega, surda e muda durante seus delírios. E então, repentinamente, foi interrompida de seus pensamentos com um "Posso me sentar ao seu lado?". Um rapaz tão encantador quanto seus olhos azuis estava parado ao seu lado, segurando um pacote de pipocas e lançando a ela um sorriso tão doce quanto sua voz. A sala de cinema não estava mais vazia. E, bem, nem ela.

Sabe, cada manhã pra mim é como um recomeço. Minhas energias se renovam com cada nascer do sol. Há muitas coisas que me deixam pensativa e confusa por determinado período de tempo. Mas na manhã seguinte essas coisas já se tornam insignificantes – Salvo algumas preocupações diárias e imutáveis.

Ultimamente tenho perdido o sono querendo chegar a conclusões sobre tudo; inútil. Não consigo concluir nada, porque nada permanece igual. Talvez essa seja a conclusão: Tudo se transforma o tempo todo e para sempre.

Sinto certo incômodo agora. Mas tudo bem, daqui a algumas horas o sol nasce e não acho que o que passa pela minha mente agora seja tão preocupante. Não, não senhores.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Outono já está deixando seus primeiros vestígios. As folhas, antes verdes e radiantes, agora estão secas e se espalham pelo chão. Essa aparência morta que os dias têm no outono me encanta e me desequilibra simultaneamente, porque eu também perco minha cor, perco meu brilho. Torno-me preta e branca, algo vago que apenas o vento frio do outono entende.

As manhãs e noites têm ficado cada dia mais gélidas. As tardes ainda teimam em manter uma temperatura detestável... por enquanto. Agora eu espero pela primeira grande chuva de outono. Tenho esperado isso desde que o outono passado se foi.

Não consigo manter qualquer expressão no rosto, porque, sinceramente, eu estou um tanto infeliz no momento. Quanto mais eu me aproximo da realidade, mais eu quero voltar no tempo. É tão ruim não sentir nada quando há dezenas de emoções esperando por mim; Mas eu não sinto. Meu corpo está no outono, e não há nada que se possa fazer para mudar isso.