terça-feira, 31 de março de 2009

Naquele momento o tempo parou para sentar-se à mesa a sua frente e observar. Simultaneamente, não havia mais movimento. Sua expressão era incompreensível aos olhos alheios; sua boa entreaberta significava descrença e seus olhos semicerrados significavam raiva e decepção. Num milésimo de segundo ela sentiu que nada valia a pena. Toda essa descrição ocorreu durante um segundo, apenas um segundo, porque no segundo seguinte, ao piscar seus olhos e balançar sua cabeça rindo, ela percebeu o quão errado seus pensamentos estavam.

domingo, 29 de março de 2009

escrito dia 6 de junho de 2008.













Ela se sentia vazia. Tão vazia quanto aquela sala de cinema. Ela tinha tudo, mas sentia como se não possuisse nada. Talvez seja a falta de valor que ela deveria dar as coisas. Talvez fosse apenas impressão. Não importa. Ela estava sentindo um vazio. Um vazio tão familiar que chegava a ser incômodo. Apenas uma vez ela sentiu isso. Uma vez foi o suficiente para sentir todo o chão desabando aos seus pés, antes mesmo que ela aprendesse a voar. Agora que ela aprendeu, acha injusto sentir o mesmo vazio de antes. Ela tem tudo. Tudo que necessita, pelo menos ela pensa que tem. O que falta, então?! Se ela soubesse a resposta, não estaria se perguntando. E naquele momento a sala vazia do cinema se abriu. Estava tão concentrada em seus pensamentos que não foi capaz de perceber. Estava cega, surda e muda durante seus delírios. E então, repentinamente, foi interrompida de seus pensamentos com um "Posso me sentar ao seu lado?". Um rapaz tão encantador quanto seus olhos azuis estava parado ao seu lado, segurando um pacote de pipocas e lançando a ela um sorriso tão doce quanto sua voz. A sala de cinema não estava mais vazia. E, bem, nem ela.

Sabe, cada manhã pra mim é como um recomeço. Minhas energias se renovam com cada nascer do sol. Há muitas coisas que me deixam pensativa e confusa por determinado período de tempo. Mas na manhã seguinte essas coisas já se tornam insignificantes – Salvo algumas preocupações diárias e imutáveis.

Ultimamente tenho perdido o sono querendo chegar a conclusões sobre tudo; inútil. Não consigo concluir nada, porque nada permanece igual. Talvez essa seja a conclusão: Tudo se transforma o tempo todo e para sempre.

Sinto certo incômodo agora. Mas tudo bem, daqui a algumas horas o sol nasce e não acho que o que passa pela minha mente agora seja tão preocupante. Não, não senhores.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Outono já está deixando seus primeiros vestígios. As folhas, antes verdes e radiantes, agora estão secas e se espalham pelo chão. Essa aparência morta que os dias têm no outono me encanta e me desequilibra simultaneamente, porque eu também perco minha cor, perco meu brilho. Torno-me preta e branca, algo vago que apenas o vento frio do outono entende.

As manhãs e noites têm ficado cada dia mais gélidas. As tardes ainda teimam em manter uma temperatura detestável... por enquanto. Agora eu espero pela primeira grande chuva de outono. Tenho esperado isso desde que o outono passado se foi.

Não consigo manter qualquer expressão no rosto, porque, sinceramente, eu estou um tanto infeliz no momento. Quanto mais eu me aproximo da realidade, mais eu quero voltar no tempo. É tão ruim não sentir nada quando há dezenas de emoções esperando por mim; Mas eu não sinto. Meu corpo está no outono, e não há nada que se possa fazer para mudar isso.