sábado, 11 de abril de 2009

Por: Paula & Cleo.

365 jours dans chaque an...

A mente humana é composta por uma mistura de sentimentos singulares. Sentimentos que formam um ciclo natural. Que vêm e vão e não podem ser parados. Um ciclo como o das estações do ano. Cada uma com sensações correspondentes e imutáveis. Primeiro o calor do verão, a estação em que menos paro para refletir na verdade. Época apaixonante, minha vida, amigos, amores... Tudo parece certo, em seu devido lugar, verdades formadas. Elas parecem tão fortes, inalteráveis, que chegam a me fazer acreditar que realmente não podem mudar em apenas um segundo, com uma única palavra. Queria poder sentir sempre esta felicidade, achar que tudo está perfeito e não ter que me preocupar em controlar meus sentimentos. É estranho, fico tentando me manipular... As vezes acho que até consigo, mas tem horas que paro e penso, todo meu suposto sucesso parece apenas ilusão, noto que na verdade não sou a pessoa forte como sempre imaginei, mas sim a mais vulnerável do mundo. Durante o resto do ano parece que não consigo seguir meu coração, só o calor dessa estação consegue desperta-lo. Me sinto como se voltasse a ser aquela garota doce que um dia fui. Chega até a ser um pouco triste pensar que em alguns dias isso tudo vai acabar, é a única coisa que realmente me entristece... Um dia simplesmente paro e vejo que tenho um ano inteiro de duvidas pela frente, a realidade volta a me atormentar no mesmo instante.

Nunca pensei que o cair das folhas pudesse ser tão melancólico e metafórico. É como se eu fosse aquela árvore e as folhas fossem as lembranças de cada pessoa que passou pela minha vida. As memórias estavam de desprendendo lentamente de mim. E durante seu cair, eu revivi mentalmente memórias incríveis, e parecia ser tão real, como se eu tivesse voltado no tempo. Meus olhos estavam vagos e nenhum sorriso teimou em se abrir em meu rosto, eu estava me tornando vazia. As folhas não paravam de cair, e olhá-las tocar o chão apenas me dava vontade de gritar, sendo tal grito o desabafo da minha alma. Eu estava me esvaziando como aquela árvore. Minhas memórias pareciam ser levadas pelo vento, assim como as folhas. E as folhas que caíram jamais retornarão à árvore. Jamais retornarão... Jamais retornarão...

Dias escuros, o vento gélido do inverno provocando-me arrepios. Arrepios não só pelo frio, mas pelo medo. Medo da realidade, medo de não ter mais ninguém com quem me preocupar, medo de estar sozinha. E estou, realmente não tenho mais ninguém, mas continuo a negar esse fato, é reconfortante. Continuo a caminhar para casa sem a companhia de ninguém, vejo casais apaixonados, adolescentes rindo, continuo na minha tentativa inútil de ignorá-los. Volto a me enganar pensando que não desejo isso, que posso viver sem ninguém mas a cada dia que passa se torna mais difícil. O verão parece algo tão distante agora, não consigo me imaginar sendo uma dessas pessoas. Em tão pouco tempo todos se foram que chega a ser difícil acreditar que um dia estiveram aqui comigo. Chego finalmente a conclusão de que é mais prático esquecer todas as minhas memórias. Continuo, como sempre, a seguir o caminho mais fácil na esperança de que ele, alguma vez pelo menos, seja o melhor.

Sentada à beira da janela, perdida num conflito de lembranças, percebo uma rosa vermelha desabrochando no jardim. Lembro-me perfeitamente de quando ela secara e perdera suas pétalas cor de sangue, tornando-se aparentemente morta. Agora lá está ela, magnífica! Está recomeçando seu ciclo, renascendo, tornando-se ainda mais bela do que jamais fora. Toda a estética morta da paisagem se transformara em fonte de inspiração para fazer tudo diferente e melhor desta vez. E assim como aquela rosa, para mim a primavera é a estação do “recomeço”, onde todas as âncoras do passado são erguidas e eu começo a seguir meu rumo novamente. Um rumo desconhecido, o que torna tudo ainda mais emocionante e intenso. É angustiante olhar para o jardim cheio de vida e saber que nem sempre será assim, que ele ainda secará muitas vezes, e isso é inevitável. Mas ele sempre renasce mais vivo do que antes, assim como a vida real.

...365 sentiments dans chaque sécond.

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