quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Estradas.

As vezes você se depara com uma estrada que se liga ao horizonte e parece não levar a lugar algum. O cenário muda, mas a estrada é sempre a mesma. Contínua. As vezes essa estrada se perde entre direitas e esquerdas, e você tem que fazer uma escolha. As vezes você se perde e não sabe o caminho de volta. Aliás, caminho de volta para onde?

Acho que eu sempre estive perdida. Então não importa muito que caminho eu vá seguir, mas eu sei aonde quero chegar. Mas não há um porto, um início, um lugar para onde eu sempre possa voltar. Por isso cada escolha pesa de uma maneira insustentável.

E a gente carrega o peso dos erros por muito tempo. Não há como simplesmente abandona-los e seguir em frente. Eles precisam se transformar em acertos pelo caminho.

Você pode não estar sozinho, mas a estrada é um fardo seu. Cada um tem sua própria estrada, suas próprias escolhas, seu próprio rumo.

As vezes a gente apenas caminha de mãos dadas com a incerteza. As vezes tudo que temos é nossa própria sombra. As vezes.

As vezes a gente se prende a um caminho circular, que se repete infinitamente. Mas é tudo questão de saber lidar com a situação. A gente entra em pânico. A gente sente medo. E o medo tapa os olhos. Ficamos cegos pelo desespero. Assim fica fácil errar... Mas sempre há uma escapatória.

Não vale parar no meio do caminho. Não vale adiar o fim da estrada. Não vale por ponto final onde cabem vírgulas.

Todos as escolhas levam para o mesmo fim. Os caminhos que você segue são a sua vida, mas o final já é pré-definido.

E todos têm o mesmo final.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ciclo vicioso.

Acordei com um sol forte atravessando a janela aberta e as cortinas fechadas. Puxei-as para o lado para ver o céu. Estava azul. Intensamente azul. Mas eu soube pela quantidade de nuvens que isso não duraria muito.

O azul logo se tornaria cinza.

Essa frase me descrevia. Eu via o brilho que o sol emanava sendo ofuscado por nuvens escuras, eu sabia que viria uma tempestade. Raios, trovões, muita chuva. Eu sabia que o cinza ia sufocar todo o azul...

...Eu sabia que eu era o céu. O sol era como minha alegria naquela manhã... Seria ofuscada por nuvens, que são as más sensações. Minha tempestade é minha angústia misturada a minha saudade, meus gritos internos eram como raios e trovões, e minhas lágrimas eram como a chuva.

O cinza está sempre ali. As vezes ele aquieta-se e esconde-se onde eu não posso senti-lo. Mas uma hora ele escorrega sobre minhas entranhas e rouba toda minha cor. E depois ele volta a se esconder. Ciclo vicioso.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Confused.

Tudo começa com minha resistência a abrir os olhos. Minhas pálpebras fechadas eram como telas contendo cenas de um sonho perfeito.
Eu não queria acordar, porque acordar me desligaria daquilo que eu mais queria, e me traria de volta para a realidade medíocre.
Não posso generalizar. Minha realidade só é ruim quando estou sozinha. Acho que tenho medo de lidar comigo mesma, não gosto daquilo que sou, ou daquilo que me tornei.

Minhas escolhas me encaminharam para aquilo que me tornei. Não apenas as certas, mas as erradas também. E cada escolha errada devorou um pedaço da minha personalidade que eu não queria perder. Eu não sou apenas escolhas minhas, sou as escolhas de pessoas que entraram na minha vida também, porque eu precisei mudar por elas. E essa foi uma escolha minha: Mudar.

No começo eu era fechada como uma concha. Não conseguia lidar com ameaças à minha individualidade. Eu não queria me dividir.
Na verdade, eu me sentava e escrevia o dia todo. Escrevia coisas babacas sobre como-foi-meu-dia e coisas assim. Nada muito brilhante, mas era como conversar comigo mesma, e começar a me entender.

As pessoas bagunçam minha vida com suas opiniões e tentativas de me moldar à suas necessidades. Meu Eu de verdade nunca foi bom o bastante, e com o tempo ele foi se alterando para atender as necessidades alheias.

Descobri, consequentemente, que não sei quem sou porque não sou apenas eu. Complicado, não é? Mas a explicação é a seguinte: Eu possuo partes de cada pessoa que entrou na minha vida. Então sou um quebra-cabeça, em que cada peça pertence a alguém...

...E há peças faltando.
Qual é sua primeira observação a respeito de alguém? O que você realmente vê? O que realmente procura?

Um rostinho bonito?

Já que gostam tanto da palavra “Máscara”, eu acredito que a ausência de beleza seja uma. As vezes é um teste. Pessoas incríveis se escondem atrás de máscaras feias e esperam que alguém as veja por dentro, as veja além do óbvio, além daquilo que a futilidade permite.

Eu passaria a minha vida toda ao lado de uma pessoa com toda sua beleza escondida dentro de si, porque, por mais que soe clichê, o que importa para mim é a beleza interior. E que me perdoem os rostinhos bonitos completamente podres por dentro.

Num instante você está ali (…)

(…) e no outro já se foi.

É tão deprimente ter um cronômetro natural martelando no cérebro, não deixando você esquecer que o tempo está passando, e que em breve estará sozinha novamente. Não para sempre, mas por tempo suficiente para conseguir entrar numa ‘depressão momentânea’. Aí o que nos resta é recorrer ao velho clichê de sempre, ao velho blábláblá… Café, chocolate, música… Lembranças. Lembranças boas, que poderiam deixar de ser lembranças e poderiam se tornar o último momento de sua vida, o momento que você congelaria eternamente. “Eu poderia morrer agora, estou tão feliz. Nunca senti isso antes. Estou exatamente onde queria estar”.

Fim.

Aliás…

Fim? Não… Só o começo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Se eu pudesse escolher, me chamaria Amélia e jamais teria mostrado minhas bonecas favoritas para minha irmã mais nova. Se eu realmente pudesse escolher, eu seria menos imatura e mais responsável; menos irônica e mais adorável. Se eu pudesse mudar as coisas, apagaria momentos constrangedores e desnecessários. Dormiria menos e viveria mais. Mudaria minha expressão vaga por um sorriso amigável. Se eu pudesse não sonhar, eu não sonharia. Se eu pudesse me teletransportar, não estaria aqui agora. Se eu pudesse me controlar, comeria menos porcarias e mais alimentos saudáveis. Deixaria certos pensamentos apenas na minha cabeça. Se eu pudesse viver a realidade, eu não viveria. Se eu pudesse ser eu mesma, eu não seria...

E sabe o que mais?! Apesar de tantas brigas que nem mesmo lembramos o porquê, apesar de tantos momentos de raiva e angústia, apesar de me sentir a pessoa errada para você, de não poder estar ao seu lado sempre que precisar, de dizer coisas desnecessárias no pior momento e de ter tantos defeitos, se eu pudesse escolher entre sonhar com você e não sonhar, eu sonharia. Se eu pudesse me teletrasportar, estaria ao seu lado agora. Se eu pudesse me controlar, não teria dito muitas coisas. Se eu pudesse viver a realidade, viveria apenas se você estivesse comigo. Se eu pudesse mudar qualquer coisa que vivemos em mais de dois anos de namoro, bem, eu não mudaria nada. Amo você.
Frio fora de época. Essa frase transborda diferentes sentidos.

Primeiro: É primavera na superfície e inverno no interior. Uma metáfora pela metade, porque é primavera, mas está frio.

Segundo: Eu me sinto fria por dentro. Congelada. Não sinto nada. É como se meus órgãos estivessem estáticos. Meu coração parou de bater, porque ele cansou. Mas ele não está morto. Está congelando, esperando pelo calor certo. Pelos braços certos. Abraço certo. Quando eu espero, prefiro congelar. Não quero sentir o tempo passar, porque isso dói mais a cada segundo.

Terceiro: Você é uma pessoa fria. - Não se preocupe, não vou citar seu nome. Não sei quanto a você, mas ainda me sobra bom senso.
Eu queria te entender... E não foi por falta de tentativas. Tentar te entender foi meu maior fracasso, porque pessoas como você carregam enigmas nos olhos e nas palavras. Por mais que você não se importe, por mais que não queira voltar, por mais que tenha esquecido, por mais que tenha me magoado, espero que esteja bem. Eu nunca desejaria seu mal. Mas não vou dizer que te amo. Não mais.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Art.

Não sei bem como começar; Começos são um tanto vagos para mim. Mas eu tenho certeza que tudo começa com arte.

Meus olhos criam arte em tudo que vêem. E mais do que ver, arte é sobre sentir.
Acho que com o passar do tempo a arte tem se tornado um vício.

Tudo me inspira, até mesmo aquilo que dói. Aquilo que destrói.

Mas é mais fácil percebê-la do que expressá-la. Tão simples de perceber, tão simples de sentir, tão difícil de expressar.São todos artistas. Até mesmo aqueles afundados em nada. O vazio também é arte.

A arte imita e vida, e cada um de nós é uma obra-prima.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dear clichê,

Fiquei surpresa com a densa neblina que envolvia tudo hoje de manhã. Eu mal podia ver o céu, e o sol se esforçava para que seus raios penetrassem aquela imensidão branca, mas sem muito sucesso. Em plena primavera, tudo que meus olhos viam era um horizonte cinza.

As manhãs são quase sempre iguais. É uma perda de tempo comentar sobre elas. Minha vida-propriamente-dita começa apenas no ponto final de cada manhã.

Estou me perdendo.

Tenho me escondido atrás de metáforas e frases na terceira pessoa do singular; Estou com receio de me encarar. Eu não entendo. Não sei explicar. Nem quero.

Mas à minha vida como um todo, eu vou sempre me referir em primeira pessoa do plural: Nós. Porque eu não existo sem ele. Não vivo mais no singular desde que ele entrou na minha vida, que aliás têm sido uma sequência de verbos contínuos: Cansando, desistindo, ganhando, perdendo, recomeçando, sentindo, vivendo e por último e mais importante, Amando. Sim, amar é ainda mais importante do que viver...


...Principalmente quando se trata de algo recíproco. Eu prefiro morrer a presenciar o fim disso. Que esse amor nunca cesse, que eu nunca te perca de vista.

domingo, 14 de novembro de 2010

Chovia muito naquela tarde. A cama próxima à janela nos permitia ouvir nitidamente os pingos caindo vorazes. O barulho de gotas d'água caindo do céu era a melodia que embalava o momento.
Entre nós, silêncio.
Havia muito a ser dito, mas naquele momento em especial, não era preciso. Nesses momentos o silêncio é mais eloquente do que qualquer palavra... E a gente aprende a ler nos olhos as palavras caladas.
Mergulhados na quietude de palavras, na canção da chuva, aconteceu algo que está impregnado em mim como uma de minhas melhores lembranças.
Ele me abraçou.
Simples assim. Ele-me-abraçou. Inesperadamente, ele me prendeu em seus braços. Me senti segura exatamente ali.
Pude ouvir seu coração batendo num ritmo tão acelerado quanto o meu, como se os dois estivessem dançando juntos. Sua respiração quente e ofegante se chocava contra meu pescoço e eu pude sentir espasmos percorrendo todo meu corpo.
Naquele momento ele era tão meu, e eu tão dele que eu poderia ficar assim para sempre. Mas o tempo não cessa.

A cada dia que se passava eu tinha certeza de que lembranças marcantes ocorreriam novamente, porque cada dia ao lado dele é único e essencial.
Nada se compara. Nada substitui.

Para sempre meu; Para sempre sua.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dear cliche,

As manhãs começam parecendo final de tarde. O céu demasiado cinza parece ter sido pintado com o tom mais forte dessa cor. O cinza aconchega-se sobre a cidade e espera sua hora de dar espaço a um azul ofuscado pela neblina que arrasta-se por todo o ambiente. Meus olhos fotografam as folhas nas calçadas e as árvores secas que parecem ter adormecido.

É silencioso e frio. Parece que o frio tem garras, e essas me prendem embaixo dos cobertores e eu não posso sair. É como se, numa metáfora ridícula, eu congelasse, e congelasse também minha vontade de... De.

Inverno, inferno