quinta-feira, 9 de abril de 2009

Havia sido um dia relativamente ruim. Tinha como companheira constante a solidão. As horas passavam indiferentes enquanto eu tentava decidir o que fazer durante a tarde. E, bem, não havia absolutamente nada. Então fiquei ali, eu e a solidão, uma entendendo a outra.

No final da tarde eu saí. É tão agradável caminhar na rua quando não há mais sol, quando é outono. As pessoas ficam mais bonitas, aparentemente. O mais assustador de tudo é que eu ainda me sinto mal ao sair na rua, como se as pessoas me secassem com os olhos, fazendo alguma crítica mental sobre meus cabelo ou sobre como ganhei peso. Talvez elas simplesmente nem notem, talvez apenas queiram seguir seu rumo indiferente à minha presença. Eu não sei...

De fato, a noite foi o pior momento. Sabe quando a garganta parece criar unhas e você a sente te arranhando por dentro? Ela, ao mesmo tempo, parece se fechar, se amarrar, fazer um nó. Eu queria chorar, essa é a verdade. Mas não o fiz. Minha mãe insistia em sorrir e manter as coisas equilibradas. Com o nó em minha garganta, não consegui engolir o ódio daquele momento. Isso ficou claro em meus olhos e na falta de sorriso em meu rosto. Ela notou.

Há momentos em que você está no limite da sensibilidade, aí qualquer palavra errada pode te fazer cair, me entende? E ao meu redor não sinto como se certas pessoas fossem capazes de ter consciência e bom senso a respeito do que dizem. Isso me afunda. Deixa-me com vontade de ter surtos e também perder o bom senso. Mas eu não o faço. Eu engulo tudo.

A questão é que hoje será um ótimo dia. Assim como amanhã e sábado. Eu poderia ficar longe daqui, poderia ficar lá pelo resto da minha vida. Meu lugar não é aqui, e eu nem queria que fosse. Meu lugar é ao lado dele. Meu porto seguro.

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