sexta-feira, 27 de abril de 2012

Folhas secas

Houve um momento -Perdido em algum ponto entre o sublime e o inconsolável - que eu tive mais uma conclusão sobre o que me rodeava.

Existem certas pessoas que florescem dentro da gente de uma forma muito bonita. Tão bonita que a gente rega, a gente cuida, a gente aquece, a gente protege. E essas pessoas se tornam cada vez maiores, e vão enraizando de uma forma que fica quase impossível de arrancar. Estaria tudo bem se, por consequência da vida, as pessoas não mudassem tanto. Não apenas pelo fato de mudar, mas pelo fato dessa mudança transformar essas pessoas que floresceram tanto em flores carnívoras que vão devorando a gente por dentro, devorando toda a vontade de mantê-las perto. E quando isso acontece, a gente deixa de regar, deixa de cuidar, de aquecer. Transformamos nosso interior num inverno irremediável para essas pessoas, e aí elas secam. O resumo disso é que tudo que começa a nos destruir por dentro, acabamos deixando morrer uma hora ou outra, e tudo que sobra são folhas secas, até que, com o tempo, não sobra nada. Somos um depósito de folhas secas e também de raízes. Porque ainda há tanta coisa enraizada, ainda há tanta coisa que não deixamos morrer... E as vezes isso é tão bonito...

Um comentário:

Gabriele Santos disse...

PERFEITO.
Não teria outra palavra para descrever teu texto. A análise de como as pessoas entram e saem de nossas vidas, e a metáfora com uma planta que precisa de cuidados, tudo, tudo, perfeito. Parabéns.