sexta-feira, 6 de maio de 2011

Jamille Rocha Miranda era seu nome.


Carregava sobre si todo o peso de promessas partidas e memórias que morreram antes mesmo de acontecerem. Vivia num mundo criado por ela, como um refúgio de uma realidade insustentável que teimava em trazê-la para baixo. Se fosse criança, a realidade seria aquele monstro no armário que te faz se esconder sob seus cobertores. Assim era a vida, mesmo não sendo mais criança. Escondia-se sobre os cobertores coloridos de sua fantasia, espiando a vida real vez-ou-outra. Eu jamais ousaria dizer que ela não era feliz – A dor não aniquila a felicidade. A felicidade é como fênix, e a dor são as cinzas… A felicidade sempre retorna, tão intensa quanto fora uma vez, mas de uma forma diferente.


Jamille amava muito. Amava tanto que doía. Doía a confusão que isso causava dentro de si. Era como se, de repente, todo seu corpo se transformasse num labirinto nos limites de sua pele, e ela estivesse completamente perdida em seu interior. Doía a incompreensão que constantemente a embalava e impedia de dar passos firmes. Doía a insegurança que a abraçava e sussurrava em seu ouvido palavras sobre um fim tão possível quanto qualquer outra coisa.


Estava cansada de se destruir com sua falta de auto-confiança. Mas ela já sabia – Pois havia sentido em sua própria carne a dor causada pela estaca afiada chamada “Adeus” – que não era tão difícil amar, difícil era conviver, ceder, compreender, aceitar, perdoar… – E guardem bem isso, eu ouso dizer que Perdoar é o ato mais difícil de ser realizado. O erro do outro pulsa em sua cabeça e devora todos seus outros pensamentos, é impossível se livrar dele, é impossível esquecer, a gente só guarda num baú de decepções que a gente tem lá dentro – Amar é fácil, difícil é conviver com as consequências do amor.


Entrou no banheiro para, numa tentativa desesperada, livrar todos os seus fantasmas com uma água quente tocando sua pele branca. Deixou a água escorrer sobre si e, apoiando a cabeça contra a parede gelada do banheiro, percebeu…



…Algumas pessoas foram feitas para se amar, mas não para ficarem juntas.


2 comentários:

Jamille Rocha Miranda disse...

Feito sob medida, awn! Ficou lindo, pequena, mesmo!

Mellory Ferraz disse...

Algumas passagens se aplicam perfeitamente ao que sinto ou algum dia já senti. Perfeito, Paula, mesmo.
Muitas pessoas vão aprovar, também, com certeza - de qualquer forma, se torna universal os sentimentos que expôs