quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Não se pode esperar demais de um dia nublado, sua melancolia é inevitável. Isso eu havia aprendido tempos atrás, e essa sentença sempre foi válida, sempre foi comprovada.
Acordei desesperada. Eu sabia que o final do dia marcaria o final de tantos dias ao lado dele. Eu fiquei olhando o teto, tentando colocar cada palavra em seu lugar, tentando compreender cada pensamento. Eu estava preparada para uma despedida? Acho que nunca estive. Nunca estarei. Mas como sempre, não era uma questão de escolha. E assim seria: Ele iria embora.
Fui até ele silenciosamente, me deitei ao seu lado e me aconcheguei ali, no lugar mais seguro, entre seus braços, com meu corpo grudado ao dele. Eu beijei sua pele, seus lábios, apertei-o contra mim até não haver mais nenhum espaço entre nossos corpos, eu não queria soltá-lo. Não queria deixá-lo ir.
Ele havia me marcado de uma forma intensa. A marca pulsava incessantemente desde que a necessidade se transformou em amor, mas não doía... Apenas servia para me lembrar de que nada poderia substituí-lo, e que perdê-lo seria o fim de tudo aquilo de melhor que eu possuo. E marcas assim não saem.
Não é como uma marca feita na areia, que se vai com a maré alta. Essa marca supera qualquer maré, qualquer tempestade, qualquer ventania.
Ficamos assim, deitados juntos, um completando o outro da forma mais verdadeira que poderia existir... E então, levantamos para contemplar a vida lá fora.
Quando a gente sabe que algo ruim vai acontecer, a gente não vive direito. Passamos o tempo todo esperando, meramente nos preparando para o acontecimento... E quando acontece, nos perdemos entre lençóis frios, uma cama vazia, lugares sem vida e sem brilho.
Porque a solidão é como um dia nublado, sua melancolia é inevitável.

Nenhum comentário: